Agarro-a tanto
que a perco. A vida. Quero tanto viver tudo intensamente que me fico pelos
sonhos e a vida passa-me ao lado. Ainda me toca no ombro, chama-me para correr
entre os campos verdes e sorrir mas eu acho isso tão superficial que fico no
meu sofá a sonhar com uma vida intensa. Uma vida de entrega. De sentimentos
profundos. De lágrimas e sorrisos verdadeiros. Sem falsidade. Uma vida
autêntica. E a que eu tenho… nunca serve. Posso ter sonhado com ela tempo
infinito, quando a tenho, perde o sentido. Por ser minha, parece. Porque eu não
fui feita para ter uma vida vivida ao máximo. Fui feita para ficar com o papel
a sonhar com o que não tenho, nem nunca vou ter, porque quando o consigo já não
é o que quero. Fui feita para ser insatisfeita, para viver como se faltasse
sempre uma letra, um acento, um ponto ou uma vírgula na minha história. Fui
feita para nunca ser feliz, mas estar sempre bem. Mesmo quando sou feliz, sonho
que não sou. Sonho que posso ser mais. Posso ter mais. Posso viver mais. Posso
fazer mais. Nunca nada me serve. Nunca me sentei no sofá e em vez de sonhar com
o que me falta, dizer tenho tudo na vida
para ser feliz. Nunca fui feliz. Melhor, nunca acreditei que era feliz.
Porque feliz eu já fui, e se calhar ainda sou, nos momentos em que não estou
sentada no sofá. Nos momentos em que me esqueço de ser eu. Nesses momentos, eu
acredito que sou feliz, só não me lembro deles.
sábado, 17 de agosto de 2013
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
if you can't be happy, at least you can be drunk
Dei por mim
deitada no chão da sala, meia dúzia de garrafas vazias e dois maços de cigarros
apagados, à procura de um botão na minha alma que fizesse desligar a dor.
Amar-te dói-me demais. O nosso amor foi escrito para dar certo e mesmo assim
nós conseguimos estragar os planos do nosso cupido. Somos burros. Tão burros,
por achar que a culpa é dele. A culpa é nossa, a culpa é do nosso complicómetro
sempre ligado e atento para entrar em acção quando menos é necessário. Digo-te
sempre que a minha vida é uma merda sem ti, mas sei que no fundo, a nossa vida
é sempre uma merda; podemos estar juntos, separados, ser vizinhos, ou morar um
em cada canto do mundo que a nossa vida não vai valer um tostão. É fácil. Nós
não somos felizes juntos. É difícil. Nós não somos felizes separados. Não somos
felizes de maneira nenhuma. Contaminaste-me, eu contaminei-te. Fomos tão
felizes que estragamos tudo quando achámos que na meta seguinte a felicidade ia
ser ainda maior. Não foi. A felicidade nem lá estava à nossa espera. Só lá estava
isto. Uma vida desgraçada, dois corações despedaçados por carregarem tanto amor
e não saberem como o levar em conjunto. Então levámo-lo separados, atirando-o
um ao outro como se de bolas de neve se tratasse. Tratamos mal o nosso amor,
tratamo-nos mal. Sei que te magoo, e tu sabes que eu te amo. Tu sabes que me
magoas, e eu sei que tu me amas. Mas não sabemos o que fazer com isto. Então
não fazemos nada.
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