sábado, 17 de agosto de 2013

A ti que me foges, vida


Agarro-a tanto que a perco. A vida. Quero tanto viver tudo intensamente que me fico pelos sonhos e a vida passa-me ao lado. Ainda me toca no ombro, chama-me para correr entre os campos verdes e sorrir mas eu acho isso tão superficial que fico no meu sofá a sonhar com uma vida intensa. Uma vida de entrega. De sentimentos profundos. De lágrimas e sorrisos verdadeiros. Sem falsidade. Uma vida autêntica. E a que eu tenho… nunca serve. Posso ter sonhado com ela tempo infinito, quando a tenho, perde o sentido. Por ser minha, parece. Porque eu não fui feita para ter uma vida vivida ao máximo. Fui feita para ficar com o papel a sonhar com o que não tenho, nem nunca vou ter, porque quando o consigo já não é o que quero. Fui feita para ser insatisfeita, para viver como se faltasse sempre uma letra, um acento, um ponto ou uma vírgula na minha história. Fui feita para nunca ser feliz, mas estar sempre bem. Mesmo quando sou feliz, sonho que não sou. Sonho que posso ser mais. Posso ter mais. Posso viver mais. Posso fazer mais. Nunca nada me serve. Nunca me sentei no sofá e em vez de sonhar com o que me falta, dizer tenho tudo na vida para ser feliz. Nunca fui feliz. Melhor, nunca acreditei que era feliz. Porque feliz eu já fui, e se calhar ainda sou, nos momentos em que não estou sentada no sofá. Nos momentos em que me esqueço de ser eu. Nesses momentos, eu acredito que sou feliz, só não me lembro deles. 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

if you can't be happy, at least you can be drunk

Dei por mim deitada no chão da sala, meia dúzia de garrafas vazias e dois maços de cigarros apagados, à procura de um botão na minha alma que fizesse desligar a dor. Amar-te dói-me demais. O nosso amor foi escrito para dar certo e mesmo assim nós conseguimos estragar os planos do nosso cupido. Somos burros. Tão burros, por achar que a culpa é dele. A culpa é nossa, a culpa é do nosso complicómetro sempre ligado e atento para entrar em acção quando menos é necessário. Digo-te sempre que a minha vida é uma merda sem ti, mas sei que no fundo, a nossa vida é sempre uma merda; podemos estar juntos, separados, ser vizinhos, ou morar um em cada canto do mundo que a nossa vida não vai valer um tostão. É fácil. Nós não somos felizes juntos. É difícil. Nós não somos felizes separados. Não somos felizes de maneira nenhuma. Contaminaste-me, eu contaminei-te. Fomos tão felizes que estragamos tudo quando achámos que na meta seguinte a felicidade ia ser ainda maior. Não foi. A felicidade nem lá estava à nossa espera. Só lá estava isto. Uma vida desgraçada, dois corações despedaçados por carregarem tanto amor e não saberem como o levar em conjunto. Então levámo-lo separados, atirando-o um ao outro como se de bolas de neve se tratasse. Tratamos mal o nosso amor, tratamo-nos mal. Sei que te magoo, e tu sabes que eu te amo. Tu sabes que me magoas, e eu sei que tu me amas. Mas não sabemos o que fazer com isto. Então não fazemos nada.